Pesquisadores do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) tabulam mais de 15 mil formulários colhidos pela internet para entender qual é a percepção sobre a imunização infantil.
Já entre os que hesitam, o maior índice – 16% – foi observado entre os pais de crianças de zero a quatro anos, grupo que ainda não tem a vacina aprovada.
No grupo com filhos entre 5 e 11 anos, a taxa é de 12%. Ela sobe para 14% entre os responsáveis por adolescentes acima dos 12 anos, que já têm imunizantes disponíveis nos postos de saúde.
Os entrevistados responderam à pergunta: uma vez aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), qual é a chance de você vacinar seu filho? As respostas “nada provável”, “pouco provável” e “não sei” foram consideradas como hesitação.
Essas são as estimativas iniciais da pesquisa batizada como “VacinaKids”. Os dados seguem em análise e o resultado final deve ser divulgado em breve.
A coordenadora do estudo, a médica Daniella Moore, aponta que a resistência na imunização infantil mostra ligação com informações equivocadas sobre a vacina, várias delas fake news disseminadas nas redes sociais.
“Ao contrário de outros países, em que as pessoas não se vacinam porque não querem, no Brasil, a grande maioria quer a vacina, acredita na ciência, tem uma relação de confiança com o Programa Nacional de Imunizações. A gente viu que os motivos que as pessoas estão hesitando têm alguns eixos principais que podem ser esclarecidos”, avalia.
Os resultados preliminares do estudo apontam que uma das preocupações elencadas é que as vacinas seriam experimentais. A médica Daniela Moore esclarece que os imunizantes são usados em adultos desde dezembro do ano passado e também já passaram pela fase de testes em crianças, com milhões delas vacinadas no mundo, sem efeitos adversos graves.
A pesquisadora do IFF/Fiocruz lembra que a Anvisa só aprovou o uso pediátrico após uma extensa análise de documentação. A dose infantil é diferente da usada em adultos e inclusive ganha uma embalagem diferenciada para evitar qualquer troca.
Outro ponto de hesitação apontado pelos pais é que a vacina de RNA mensageiro, como é o caso da Pfizer, poderia trazer mudanças ao DNA humano. Daniella Moore alerta que isso é impossível. Ela explica que a vacina tem apenas o papel de treinar o sistema imunológico para combater o coronavírus.